A Revolução Etíope de 1974: Um Levante Popular Contra a Monarquia e o Imperialismo

A Revolução Etíope de 1974 foi um evento marcante que mudou para sempre o curso da história etíope, derrubando a monarquia de séculos e dando lugar a um regime socialista. Uma combinação complexa de fatores internos e externos alimentou essa tempestade de mudança, abrindo caminho para um novo capítulo na política e na sociedade etíope.
Para entender a revolução, precisamos mergulhar no contexto pré-revolucionário. A Etiópia, sob o reinado do Imperador Hailé Selassié, era uma nação em transformação. Apesar de ter resistido à colonização europeia no século XIX, a Etiópia enfrentava desafios significativos no século XX.
A desigualdade social era gritante. Uma pequena elite controlava grande parte da riqueza, enquanto a maioria da população vivia na pobreza extrema. O acesso à educação e aos serviços básicos era limitado para a maior parte da população. A agricultura, a espinha dorsal da economia etíope, era tradicional e pouco produtiva, deixando milhões vulneráveis à fome e à seca.
Além disso, as políticas autoritárias do governo Selassié, que se fortalecia com o apoio das potências ocidentais durante a Guerra Fria, geraram crescente descontentamento entre a população. A repressão política, a censura da imprensa e a falta de liberdades civis criaram um caldo de cultura propício à revolta.
Os jovens estudantes universitários, inspirados pelos ideais de justiça social e autodeterminação propagados pelo movimento pan-africano, se tornaram uma força motriz por trás do levante popular. Eles organizaram protestos e manifestações, denunciando as desigualdades sociais e a tirania do regime Selassié.
A crise econômica exacerbada pela seca de 1973, que provocou fome generalizada no país, serviu como gatilho para a revolução. A população, já insatisfeita com a situação política, viu na incapacidade do governo em lidar com a crise humanitária uma demonstração clara da necessidade de mudança radical.
Em fevereiro de 1974, o exército etíope, tradicionalmente leal ao imperador, se juntou à onda de protestos e lançou um golpe militar que derrubou Hailé Selassié. O Derg, um comitê militar liderado por Mengistu Haile Mariam, assumiu o controle do país.
A Revolução Etíope de 1974 marcou o fim da monarquia etíope e abriu caminho para uma nova era socialista. O regime Derg implementou reformas radicais, nacionalizando terras e empresas, promovendo programas de alfabetização em massa e investindo em infraestrutura. No entanto, a repressão política se intensificou sob Mengistu Haile Mariam, que liderou o país por um período turbulento marcado por violência e conflitos internos.
As Consequências da Revolução: Uma Era Turbulenta
A Revolução Etíope de 1974 teve consequências profundas e duradouras para a história do país. Entre elas:
- Fim da Monarquia: A revolução marcou o fim definitivo da dinastia Solomônica, que havia governado a Etiópia por séculos.
- Ascensão do Socialismo: O regime Derg adotou uma ideologia marxista-leninista, implementando reformas socialistas como a nacionalização de terras e empresas.
- Guerras Civis: A revolução desencadeou conflitos internos violentos, incluindo a guerra civil no norte da Etiópia que durou décadas.
- Fome e Migração em Massa: A política agrícola do regime Derg levou à fome generalizada, forçando milhões de etíopes a migrarem para outros países em busca de sobrevivência.
A Revolução Etíope de 1974 foi um evento complexo e controverso. Apesar das reformas sociais e da tentativa de criar uma sociedade mais justa, a revolução também resultou em violência política, conflitos internos e grandes desafios econômicos.
A história da Etiópia no século XX é uma narrativa marcada por transformações dramáticas, luta pela independência e busca por identidade nacional. A Revolução Etíope de 1974 representa um capítulo crucial nessa jornada, um marco que moldou o destino da nação até os dias atuais.